segunda-feira, 7 de junho de 2010

Uma floresta na Cidade


Você sabia que, em Fortaleza, é possível caminhar dentro de uma floresta em segurança? A primeira expectativa é de visitar um parque urbano. Mas, ao entrar na Floresta do Curió, a sensação é de estar realmente saindo da cidade. O verde filtra qualquer poluição sonora ou do ar que possa denunciar que estamos numa metrópole com 2,5 milhões de habitantes.

Com 57,35 hectares de extensão, a Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie) do Sítio Curió reúne a típica vegetação de Tabuleiro Litorâneo amenizando o calor, protegendo recursos hídricos e servindo como refúgio para animais silvestres em plena área urbana, além de estimular a prática esportiva e atividades de Educação Ambiental.

É uma unidade de conservação (UC) estadual, mantida pelo Grupo Ypióca e administrada pela organização da sociedade civil de interesse público (Oscip) Instituto Natureza Viva (INV). Aberta ao público de terça-feira a domingo, das 6 às 16 horas, recebe uma média de 70 a 100 visitantes diariamente.

"Eu não sabia que existia. É muito agradável, um privilégio para quem mora por aqui", disse Alisson Saraiva, 17 anos, representante do Alagadiço Novo no Conselho da Juventude e que, em nossa primeira visita ao local, lá participava de atividade do Projeto Rota da Paz, de formação de lideranças comunitárias com jovens de comunidades de risco.

A Mata de Tabuleiro, segundo as explicações do biólogo Thieres Pinto, é caracterizada por conter árvores de porte elevado, com sub-bosque fechado, muito cipó e, ao contrário da Mata Úmida, com muita caducifólia (queda de folhas) no período de estiagem, semelhante à Caatinga. Por ser vegetação de transição entre o mar, as serras e o sertão, contém espécies típicas de Mata Seca, Mata Úmida (Atlântica), Caatinga e Cerrado.

Muito heterogênea, muda o solo, muda a vegetação. Nas áreas mais abertas, onde surgem espécies de Cerrado, os troncos são retorcidos, característicos do crescimento em solos difíceis; e as folhas grossas, para superar incêndios florestais e também para perder menos água. Por entre as trilhas, ainda é possível encontrar espécies raras da nossa fauna silvestre, como o pica-pau-anão-da-caatinga, ameaçado de extinção e que ocorre quase exclusivamente no Estado do Ceará.

Pelas características da vegetação, imensos cajueiros e diversas outras espécies, a maioria de pequeno porte, Thieres acredita que a área foi um grande cajual, com terreno limpo (desprovido de vegetação), que manteve algumas árvores, sobretudo frutíferas. Com o pousio das terras, a mata foi se recompondo com a ajuda de morcegos, principais dispersores de sementes da região.

Voltamos, três meses depois, a adentrar a trilha, desta vez, com o guia responsável, Giordano Batista, que lá trabalha desde a inauguração: "Recebemos muitos visitantes do entorno, estudantes, pesquisadores. Sentimos que a conscientização aumenta a cada dia. Quando se conhece, fica mais fácil ajudar a preservar. É um espaço natural dentro do espaço urbano. As pessoas que visitam ficam impressionadas e sempre voltam com outras. Trabalhar aqui é um presente que muitos gostariam de ganhar".


Número

92 ESPÉCIES de animais, 65 aves, 14 répteis, 7 mamíferos e 6 anfíbios foram contabilizados na Arie do Sítio Curió

Curiosidade

Forte indício de desequilíbrio ecológico é a presença significativa saguis (soins). Frequentes em áreas verdes de cidades, alimentam-se de frutos, sementes, ovos e filhotes de aves. Sem predadores naturais, como gatos-do-mato e gaviões, ameaçam outras espécies, na concorrência por alimento e na predação. Eles podem transmitir raiva, sendo, assim, contraindicada a sua domesticação.





Fonte: diariodonordeste.com.br

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