Distorções, exagero do decorativo, excessos. São estas as marcas da exposição Pérolas Imperfeitas, aberta em Fortaleza desde 8 de junho, com 16 imagens oferecendo ao visitante um passeio pelas paisagens urbanas e barrocas de Salvador.
Igreja do Nosso Senhor do Bonfim, Largo do Pelourinho, Forte de Santo Antônio da Barra. Estes e outros ícones da arquitetura barroca de Salvador (BA) receberam uma nova leitura através da ótica de David Glat, 64. Um fotógrafo e design carioca que reside na capital baiana desde 1976. “Eu me apaixonei pela cidade e acabei ficando, acabei fazendo essa escolha”, disse.
No primeiro olhar, parece existir uma forte edição de imagens através de programas digitais. Paisagens com movimentos, opulência das formas, efeitos ilusionistas, assimetria e exuberância de cores são encontradas na exposição Pérolas Imperfeitas, aberta desde 8 de junho no Espaço Multiuso do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. No entanto, a edição das fotografias é realizada apenas no nível de pequenas correções.
O fotógrafo investiga a técnica empregada desde 2003 e sua utilização é capaz de produzir as ondulações, linhas retorcidas e curvas vistas. “Comecei a ver que por aí eu teria um vasto caminho de pesquisa”, afirmou o fotógrafo. O equipamento empregado é uma câmera analógica mecânica e filmes negativos à cores. David Glat posiciona a máquina fotográfica em um tripé ou apenas em sua mão. Depois, realiza um clique com duração de dois a três segundos. Tempo suficiente para fazer movimentações diante do monumento escolhido. Os gestos feitos durante o processo de registro das imagens criam as distorções, alongamentos e achatamentos tão instigantes. “Quando eu quero produzir alguma ação, eu movimento a câmera. E a partir disso têm aqueles movimentos abstratos”, resume. As fotos são reveladas para posteriormente ocorrer a digitalização. O próprio fotógrafo classifica o método como “muito trabalhoso”.
Pela delicadeza do procedimento foram necessários aproximadamente três anos para produzir as 16 imagens expostas em Fortaleza. Algumas das fotografias foram refeitas seis vezes até ser obtido o resultado desejado. Vai ocorrer reprodução das fotos com precisamente 10 cópias de cada. Todas as obras estarão à venda.
O visitante é inserido em um espaço de contemplação da fotografia e viaja pelas paisagens da cidade sendo guiado pela visão do fotógrafo. A releitura do barroco, estilo peculiar de Salvador, é um dos objetivos centrais da exposição. Mas o artista explora também monumentos construídos na capital baiana antes da chegada deste movimento. “Eu não me limitei a fotografar monumentos do barroco”, diz David Glat. E completa: “Eu não fotografei só esses. A escolha se deu em primeiro lugar pela plasticidade. Nas primeiras tentativas eu percebi que quanto mais postura, mais diferença entre luz e sombra, melhor. Outro critério foi pelo de importância histórica”. Os lugares são retorcidos e expandem a realidade cotidiana. Para, assim, oferecer aos olhos do expectador novas impressões e interpretações das paisagens urbanas já tão conhecidas.
A exposição Pérolas Imperfeitas, inaugurada em novembro de 2009 no Museu de Arte Moderna da Bahia com 10 fotos inicialmente, fica em Fortaleza até julho e depois será apresentada nas cidades de São Paulo (SP), Recife (PE), João Pessoa (PB) e Maceió (AL).
EMAIS
- Para 2011, estão previstas exposições no Rio de Janeiro (RJ), Curitiba (PR), São Luís (MA), Brasília (DF), Buenos Aires (Argentina) e Lisboa (Portugal).
- Outras informações sobre o trabalho de David Glat podem ser conferidas na página: http://davidglat.com.br/projetos.
- Patrocínio: Lei de Incentivo à Cultura, Ministério da Cultura (MinC) e Banco do Nordeste do Brasil.
SERVIÇO
PÉROLAS IMPERFEITAS - Exposição de David Glat no Espaço Multiuso do Centro de Arte e Cultura Dragão do Mar aberta até 25 de julho. Em junho, de terça a quinta, das 9h às 19h e de sexta a domingo das 14h às 20h30min. Em julho, de terça a domingo, das 14h às 21h.
Entrada gratuita. Outras informações: 3488 8600.
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